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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Desprezo e depreciação






Nos olhos das crianças há brilhos intensos do bem e de verdade, de expectativa e de ilusão. Nas suas mochilas e almas adivinham-se cheias de razões de viver: coisas novas para aprender, coragem e atrevimentos para experimentar, alegrias e confiança para partilhar. Têm mesmo alma de príncesas e de príncipes.

Quando crescem, já se vislumbram imensos olhares de abatimento, de cansaço e desilusão. Em demasiadas mochilas e almas encontra-se pouco das grandes razões de viver; para o futuro só há uns quantos estratagemas de sobrevivência ainda em luta, já perdida, com passados de medo e de fracasso. Muitos quase parecem sapos.


Estamos todos a precisar de um toque mágico eficaz, daquela magia de que só o ser humano é capaz. Comecemos por nós. Não importa quanta bruxaria se tenha reunido no passado para levar a cabo o feitiço de nos transformar em sapos. 

Precisamos de uma metamorfose de alma. Por mais que custe, o primeiro trabalho da nossa alma é convencer-nos que também nascemos princesas ou príncipes. O segundo trabalho, não menos urgente e imprescindível, é recuperar-se inteiramente como alma, sermos almas a conduzir outras almas. 

Se não o conseguirmos, não passaremos de seres aparentemente mais evoluídos a tentar aperfeiçoar vidas de outros seres aparentemente menos evoluídos. Tanto em nós próprios como nos outros, a nossa missão não é conduzir sapos, mas recuperar os príncipes e princesas que eles encobrem.

Todos os Janeiros dão início a uma nova época para uma missão mágica. Para tal são necessários certos ingredientes, também mágicos:

Cada pessoa é positiva em si mesma. Todas as pessoas são dotadas de valor e dignidade enquanto pessoas. Usamos a liberdade para estar de acordo e para discordar de ideias e comportamentos, mas nunca para nos rejeitarmos como pessoas. 

Cada pessoa é capaz de pensar e decidir por si própria, salvo algum dano cerebral. Todos são capazes de pensar por si próprios. Por isso, cada um de nós é que decide a própria vida, carregando consigo as consequências das decisões tomadas.
Cada pessoa é capaz de amar e precisa de ser amada. Precisamente porque é essencialmente constituída por liberdade e por amor, uma natureza humana degradada só pode ser recuperada através de atos conscientes de liberdade e de amor.
Além disso, para viver, a alma precisa tanto de apreço como o corpo precisa de sangue. É do apreço genuíno e recíproco que nascem e renascem continuamente príncipes e princesas; do desprezo apenas nascem sapos...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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