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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Eternamente jovem





A velhice começa quando nascemos e a idade cronólogica passa a ser definida pelo tempo que decorre a partir do nascimento. Assim, o tempo e as pessoas se influenciam mutuamente. 

Em todos os tempos, o processo do envelhecimento humano tem sido uma preocupação, embora possa ter nuances diferentes dependendo da cultura, situação social ou psíquica das pessoas.

Corpo e tempo se entrecruzam nascendo disso as diversas velhices e suas múltiplas representações. Cada pessoa tem a sua velhice singular e a definição do próprio termo torna-se um impasse. 

Reconhecemos a velhice em um referencial biológico a partir da aparência como as rugas e cabelos brancos ou das patologias clássicas deste período de vida como as artroses, cardiopatias, perda de memória entre outros.

Contudo, são referenciais que podem se manifestar em qualquer pessoa mesmo que cronologicamente não tem idade avançada. A ciência contemporânea conta com inúmeros recursos visando superar os sinalizadores da idade. 

Em termos psicológicos, considera-se os parâmetros do enrijecimento do pensamento, perdas cognitivas, regressão e tendências depressivas. Todavia, são características também presentes no cotidiano de muitos jovens. 

A idade pode ser biológica, psicológica ou sociológica à medida que enquadra as capacidades de cada pessoa. O idoso é um termo que indica uma pessoa com uma vivência traduzida em muitos anos e a literatura classifica, em termos didáticos, as pessoas acima de 65 anos como idosos. 

O envelhecer não é um problema, a problemática órbita em torno da vivência diante do mundo. O envelhecimento não é somente um momento na vida, mas é um processo extremamente complexo e pouco conhecido, com implicações tanto para quem o vivencia como para a sociedade que o suporta ou assiste. É uma fase de alterações psicofísicas do organismo da pessoa e de sua maneira de interagir com o seu meio social.

É frequente o uso de eufemismos para denominar a velhice e tudo o que lhe faça referência, no entanto, são tentativas falidas que buscam suavizar o peso do termo "velho". Segundo Goldfarb, parece que a velhice soa como algo diabólico e que não pode ser nomeada sem provocar o medo e a rejeição. 

Amiúde, o termo parece embuido de uma propriedade adjetiva para se referir a coisas antigas, muito utilizadas e que já não tem serventia. Surgem assim expressões como Terceira idade ou Idade avançada, que tentam nominar algo que inexoravelmente estará presente na vida dos felizardos que conseguirão chegar à velhice.

Chegar à velhice não é um castigo, é um prêmio que conquistamos. Personalidades, intelectuais, políticos, artistas e outros com mais de 60 anos, aparecem na mídia contradizendo arcaicos estereótipos ao demonstrarem inteligência, versatilidade, perspicácia, audácia, boa forma, bom humor, dentre outras características, mostrando que a velhice pode ser produtiva com aperfeiçoamento das relações interpessoais. 

Alguns dirigem suas vidas para a religiosidade, outros para a contemplação, trabalhos humanitários e sociais, investindo na vida de uma outra forma e sentem-se felizes em agir assim. Percebe-se, então, que há várias formas para se viver.

O uso de certos meios para retardar o envelhecimento pode impedir ou até inverter tal processo, mas não poderão alterar o seu final. Se o limite da vida é a morte, a velhice é a fase que mostra a proximidade com este horizonte, ainda que não seja privilégio apenas para os velhos. 

Ela pertence a cada um de nós que se encontra vivo e atuante. O envelhecimento assusta porque está associado à finalização da vida. Quando se encara a velhice não como uma decadência e sim como uma sequência, com suas peculiaridades e características, descobre-se que a fonte da juventude é uma utopia. 

Aqueles que perseguem o ideal da fonte da juventude sofrem com suas angústias, pois se negam a encarar-se dentro da realidade. Envelhecer com qualidade é evitar as contínuas mortes de direitos e deveres do cotidiano. Afinal, ninguém é tão velho que não possa criar, produzir e encantar outras pessoas, acima do olhar alheio que aponta o envelhecimento, quando podemos nos olhar e sentir-nos eternamente jovens...

É um privilégio viver uma longa vida, mas se torna velho quem perde a jovialidade. A idade causa a degeneração das células, mas só envelhece quem degenera o espírito. A idade não impede sonhar, mas se torna velho quem apenas dorme.

A idade não impede de aprender, mas se torna velho quem não tem nada ensinar.
A idade não impede de fazer planos, mas se torna velho quem tem apenas saudades. Em qualquer idade se pode exercitar, mas se torna velho quem somente descansa.

Você não envelhece quando seu calendário está repleto de amanhãs, para os velhos o calendário está repleto de ontens. Quem envelheceu, todos os dias parecem os últimos de sua jornada. Não tem idade, quem considera cada dia o primeiro de sua vida...


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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